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Património Cultural

Música 22 de novembro, às 16h00 e às 18h30

O Dia de Santa Cecília no Museu Nacional da Música | Recital Ensemble Darcos, Ciclo Antena 2 | Dueto Preto no Branco

No Dia de Santa Cecília o Museu Nacional da Música  apresenta dois concertos a não perder

16h00 - Recital Ensemble Darcos, Ciclo Antena 2

18h30 - Dueto Preto no Branco

CICLO Antena 2
*o bilhete do museu dá acesso ao concerto
(concerto gravado pela RDP - ANTENA 2)

Recital Ensemble Darcos
L. Soldado (1972)

Sisyphus para quarteto de cordas

I. At the foot of the mountain

II. Rolling the rock

III. The hour of consciousness

IV. The rock’s victory

V. I conclude that all is well



F. Lopes-Graça (1906 – 1994) / S. Azevedo (1968)

Horas pastoris

I. Prelúdio

II. Idílio

III. Marchinha

IV. Endecha

V. Prestissimo

VI. Arrolo

VII. Dança Campestre



A. Dvořák (1841 – 1904)

Quarteto de cordas nº 12 em Fá maior, Americano, op. 96

I. Allegro ma non troppo

II. Lento

III. Molto vivace - Trio

IV. Finale. Vivace ma non troppo



ENSEMBLE DARCOS

SINOPSE

Sísifo era considerado o mais astuto dos mortais e um grande opositor aos deuses. Foi condenado a empurrar repetidamente uma rocha até ao cimo de uma colina com o único objectivo de a fazer rolar novamente pela colina abaixo. Luís Soldado inspirou-se em O Mito de Sísifo de Albert Camus para compor este quarteto de cordas em cinco andamentos.

Sérgio Azevedo, um dos compositores portugueses mais importantes da sua geração, completa as Horas Pastoris do mestre Fernando Lopes-Graça com uma instrumentação para quarteto de cordas com piano.

Dvořák compôs o Quarteto de Cordas Americano em 1893, no período em que viveu nos Estados Unidos e passou férias no estado do Iowa, afastado das grandes cidades, rodeado pela natureza. Influenciado pela música popular de origem negra, pretendia escrever “qualquer coisa que fosse muito melodiosa e simples”.

ENSEMBLE DARCOS

O Ensemble Darcos é um dos mais prestigiados grupos portugueses. Criado em 2002, pelo compositor e maestro Nuno Côrte-Real, tem como principal propósito a interpretação dos grandes compositores europeus de música de câmara, como Beethoven, Brahms ou Debussy, e a música do próprio Côrte-Real. Em termos instrumentais, o Ensemble Darcos varia a sua formação consoante o programa que apresenta, de duos a quintetos, até à típica formação novecentista de quinze músicos, tendo como base os seguintes músicos: a violetista Reyes Gallardo, o pianista Helder Marques, o violoncelista Filipe Quaresma e os violinistas Gaël Rassaert e Paula Carneiro. Convida regularmente músicos de excelência oriundos de várias regiões do globo, dos quais se destacam o violoncelista Mats Lidström, os violinistas Massimo Spadano, Giulio Plotino e Junko Naito, o pianista António Rosado, a violetista Ana Bela Chaves, ou o percussionista Miquel Bernat. Interpreta regularmente programas líricos, onde tem convidado alguns dos mais importantes cantores portugueses da atualidade, tais como Cátia Moreso, Eduarda Melo, Luís Rodrigues, Dora Rodrigues, ou Job Tomé.
Desde 2006 o Ensemble Darcos efetua uma residência artística em Torres Vedras, tendo iniciado em 2008 a TEMPORADA DARCOS, série de concertos de música de câmara e sinfónicos, alargando o espectro do grupo, dos seus músicos e da sua programação.
Da sua atividade concertista, destacam-se os concertos na sala Magnus em Berlim, em Outubro de 2007, na interpretação do Triplo Concerto, para violino, violoncelo, piano e orquestra de Beethoven, na igreja de St. John’s Smith Square, em Londres, com direção musical de Nuno Côrte-Real, e a participação regular nas últimas edições dos Dias da Música, em Lisboa. No verão de 2014, apresentou-se no Festival Internacional de Música de Póvoa de Varzim, e em 2017 participou no festival de artes Serralves em Festa, com a cantora Maria João.
Para além da parceria com a RTP – Antena 2, na gravação e transmissão em direto de inúmeros concertos do grupo e da temporada, destaca-se a gravação para a televisão, em Janeiro de 2010, de uma série de canções de Cole Porter (num arranjo de Nuno Côrte-Real) com os cantores Sónia Alcobaça e Rui Baeta, numa parceria com a Camerata du Rhône, projetos que levou o grupo a Lyon, França.
O Ensemble Darcos tem 2 discos gravados, Volupia, primeiro trabalho discográfico do grupo e inteiramente dedicado à obra de câmara de Nuno Côrte-Real (Numérica 2012), e Mirror of the soul, com obras de E. Carrapatoso, S. Azevedo, N. Côrte-Real e D. Davis (Odradek 2016).

NUNO CÔRTE-REAL
Compositor e Maestro
Nascido em Lisboa em 1971, Nuno Côrte-Real tem vindo a afirmar-se como um dos mais importantes compositores e maestros portugueses. Das suas estreias destacam-se 7 Dances to the
death of the harpist na Kleine Zaal do Concertgebouw em Amsterdam, Pequenas músicas de mar na Purcel Room em Londres, Concerto Vedras na St. Peter’s Episcopal Church em Nova York, Novíssimo Cancioneiro no Siglufirdi Festival em Reikiavik, e Andarilhos - música de bailado na Casa da Música no Porto. Dos agrupamentos que têm tocado a sua música destacam-se a
Orquestra Sinfónica Portuguesa, Coro do Teatro Nacional de São Carlos, Coro e Orquestra Gulbenkian, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Remix Ensemble, Royal Scottish Academy Brass, Orchestrutopica, e solistas e maestros como Lawrence Renes, Julia Jones, Stefan Asbury, Ilan Volkov, Kaasper de Roo, Cristoph Konig, David Alan Miller, Paul Crossley, John Wallace, Mats Lidström, Cesário Costa e Paulo Lourenço.
É fundador e diretor artístico do Ensemble Darcos, grupo de música de câmara que se dedica à interpretação da sua música e do grande repertório europeu, e assina artisticamente a
programação e conceito da Temporada Darcos.
A sua discografia inclui canções tradicionais portuguesas nas editoras Portugal Som e Numérica, Pequenas Músicas de Mar na editora Deux-Elles, o bailado Andarilhos na editora
Numérica em co-produção com a Casa da Música, Porto, e Largo Intimíssimo na austríaca Classic Concert Records. Em Outubro de 2012 teve o seu primeiro CD monográfico, Volupia, editado
pela Numérica, e em 2016 realizou a direção artística e musical do CD Mirror of the soul, para a Odradek Records, com o Ensemble Darcos, editora com a qual lançou em Março de 2019 o seu
premiado ciclo de canções Agora Muda Tudo, com a cantora de jazz Maria João e o escritor José Luís Peixoto.
No mundo cénico, Nuno Côrte-Real trabalhou com, entre outros, Michael Hampe, Pedro Cabrita Reis, Maria Emília Correia, Victor Hugo Pontes, André Teodósio, Ricardo Neves-Neves,
João Henriques, Rui Lopes Graça, Paulo Matos e Margarida Bettencourt. Em Junho e Setembro de 2007 apresentou com grande sucesso as óperas de câmara A Montanha e O Rapaz de Bronze,
encomendas da Fundação Calouste Gulbenkian e Casa da Música, respetivamente. Para o Teatro Nacional de São Carlos criou em 2009, o “intermezzo” O Velório de Cláudio, com libreto de José
Luís Peixoto, e em Março de 2011, a ópera Banksters, com libreto de Vasco Graça Moura e encenação de João Botelho. Em Novembro de 2018 apresentou e dirigiu musicalmente a ópera
Canção do Bandido, no Teatro da Trindade, em Lisboa, com libreto de Pedro Mexia e encenação de Ricardo Neves-Neves, com o Coro do Teatro Nacional de São Carlos e a Orquestra Sinfónica
Portuguesa. Como maestro, Nuno Côrte-Real já dirigiu a Mahler Chamber Orchestra, Orquestra Sinfonica Giuseppe Verdi, Orquestra Sinfónica Portuguesa, Orquesta Sinfonica de Castilla y
León, Orquesta Ciudad Granada, Real Filharmonía de Galicia, Orquesta de Extremadura, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra do Norte, Orquestra do Algarve e Orquestra
Filarmonia das Beiras, entre outras, para além de inúmeros projetos com o Ensemble Darcos.
Tem participado em vários festivais internacionais de música, onde se destacam os de Sintra, Estoril/Lisboa e de Póvoa de Varzim, e dirigido solistas tais como Elisabete Matos, Artur
Pizarro, Massimo Spadano, Nicola Ulivieri, Ana Quintans, Filipe Pinto Ribeiro e Filipe Quaresma, entre outros. Foi bolseiro do Centro Nacional de Cultura, e em 2003 foi-lhe atribuída a
medalha de Mérito Cultural da Câmara Municipal de Torres Vedras. Ganhou consecutivamente o prémio de Melhor Trabalho de Música Erudita da Sociedade Portuguesa de Autores, em 2018 e
2019, com o ciclo de canções Agora Muda Tudo, e a ópera Canção do Bandido, respetivamente.

Apoio: Horto do Campo Grande

Dueto Preto no Branco

Tendo tocado em conjunto desde o início da sua formação musical no Conservatório Nacional de Lisboa, reapresentaram-se no Palácio da Independência em julho de 2007 e desde então, com mais regularidade no Jardim Botânico da Ajuda. Em maio de 2017 apresentaram-se no Centro Cultural de Cascais, integrado na noite dos Museus.
No passado dia 11 de julho voltaram a apresentar-se no Centro Cultural de Cascais, com um concerto inteiramente dedicado a repertório francês da transição do séc. XIX para o séc. XX.

Numa apresentação em dueto de piano a 4 mãos, formação relativamente pouco divulgada entre nós, o seu repertório inclui peças de Bach a Piazzola, passando por Mozart, Schubert, Schumann, Grieg, Chopin, Debussy, Fauré, Ravel, Tchaikovsky, Foster, Milhaud, Satie, Scott Joplin, Gershwin, entre outros...

Pretendem desta forma promover a divulgação de música erudita duma forma acessível, proporcionando concertos comentados como forma de aproximação do grande público a temas musicais mais reservados a salas de concerto.


Concerto de Homenagem a Sta. Cecília
Duo Preto no Branco - piano a 4 mãos
Cristina Aleixo / Nuno Félix
22 novembro 2019 – Museu Nacional da Música

Programa

DOLLY………………………..……..……………….……………. GABRIEL FAURÉ
Suite em 6 andamentos
Berceuse - allegretto moderato
Mi-a-ou - allegro vivo
Le Jardin de Dolly - andantino
Kitty Valse - tempo di valse
Tendresse - andante
Le pas Espagnol - allegro


PETITE SUITE – Pequena Suite…………………………….……ROGER DUCASSE
Souvenance - pas vite
Berceuse - três lent
Claironnerie - tempo di marche



SONATE ………………...................................................... FRANCIS POULENC
Prelude - moderé
Rustique - naif et lent
Finale - trés vite



L’Harpe de Sainte Cécile…….………………….…………….THEODORE LACK



PETITE SUITE – Pequena Suite……..……………………….. CLAUDE DEBUSSY
En bateau - andantino
Cortège - moderato
Menuet - moderato
Ballet - allegro giusto



BOLERO …….…….………………………..…..………………. MAURICE RAVEL
Versão original do autor



Gabriel Fauré
(Pamiers, Ariège, 12 de maio de 1845 — Paris, 4 de novembro de1924)
Compositor, organista, pianista e professor, Fauré nasceu no seio de uma família culta mas com poucas ligações à música. O seu talento musical cedo se revelou e com nove anos de idade, foi enviado para uma escola de música em Paris, onde recebeu formação para organista de igreja e mestre-de-coro.
Entre 1854 e 1865, frequentou a escola de música religiosa fundada por Louis Niedermeyer, em Paris, onde foi aluno do compositor Camille Saint-Saëns. Concluída a sua formação, começou a exercer, no ano seguinte, as funções de organista da Basílica de São Salvador, em Rennes, depois, estabeleceu-se em Paris, onde foi organista, primeiro, na Igreja de Nossa Senhora de Clignancourt, posteriormente, na Igreja de Saint-Honnoré d'Eylan e, em 1874, na Igreja de Saint-Sulpice. Três anos depois, foi nomeado mestre capela da Igreja da Madeleine da qual se tornou organista principal, em1896, e mais tarde director do Conservatório de Paris
Nas férias de Verão, retirava-se para o campo para se concentrar nas suas composições. Nos seus últimos anos de vida, Fauré foi reconhecido em França como o principal compositor da sua época. O compositor foi distinguido com a nomeação para a Academia de Belas-Artes (1909) pelo Instituto de França, e com o título de Grande Oficial da Legião de Honra (1920) e, em 1922, recebeu um tributo nacional sem precedentes, em Paris, a Grã-Cruz da Legião de Honra (1923), pelo presidente da república francesa.
De entre os seus alunos destacam-se Ravel, Roger Ducasse, Nadia Boulanger, Georges Enesco, Florent Schmitt e Alfredo Casella.
A Suite Dolly, Op. 56, é uma suite composta por seis pequenas peças escritas ou revistas entre 1893 e 1896: Berceuse, Mi-a-ou, Le jardin de Dolly, Kitty-valse, Tendresse, e Le pas espagnol.
As peças foram dedicadas a Régina-Hélène Bardac (1892–1985), conhecida na família como Dolly , a jovem filha da cantora Emma Bardac, para quem Fauré enviava as peças de música, em manuscrito, para assinalar os aniversários de Dolly ou para assinalar outras celebrações familiares.
Berceuse - Allegretto moderato.
assinala o primeiro aniversário de Dolly, foi uma peça muito antiga, composta em 1864 para Suzanne Garnier, filha de um amigo da família. Em 1893 Fauré fez algumas pequenas alterações e mudou seu título de "La Chanson dans le jardin" para "Berceuse" - ou seja, canção de embalar.
Mi-a-ou - Allegro vivo. "Miaou"
escrita para o segundo aniversário de Dolly em junho de 1894. O título não se refere a um gato de estimação, como muitas vezes se supunha, mas às tentativas de Dolly de pronunciar o nome de seu irmão mais velho, Raoul, que mais tarde se tornou um dos discípulos favoritos de Fauré. A jovem Dolly chamava o seu irmão de Messieu Aoul, que Fauré tomou como o título original da peça. No seu manuscrito finalizado, o título é encurtado para "Miaou" (sem hífens).
Le jardin de Dolly - Andantino.
A terceira secção da suite é composta como presente para o dia de Ano Novo de 1895. Apresenta semelhanças com a Primeira Sonata para violino de Fauré, composta 20 anos antes. Jean-Michel Nectoux, estudioso de Fauré, considera -a "talvez a jóia da suite, com a sua melodia adorável, as harmonias em movimento e o contraponto límpido e subtil".
Kitty-valse - Tempo di valse.
No manuscrito de Fauré a peça é chamada de "Ketty-Valse" - inspirada ironicamente não no gato mas no cão da família Bardac
Tendresse - Andante.
Tendresse, escrita em 1896, foi originalmente dedicado a Adela Maddison, mulher do seu editor musical. Como "Le Jardin de Dolly", esta peça é lírica, mas tem um estilo mais moderno, faz uso de cromatismos tal como Fauré fará, posteriormente, nos seus Nocturnes.
Le pas espagnol - Allegro.
A suite termina com uma excursão inusitada, ao sul, com uma dança espanhola, uma reminiscência de obras como España, de Emmanuel Chabrier, amigo de Fauré. Esta pintura de cena evocativa, viva e pitoresca, faz-nos perceber que a suite inteira, embora ostensivamente escrita para uma criança de cinco anos de idade, também foi escrita para todos – fala à criança que há em cada um de nós.

Jean Jules Aimable Roger-Ducasse
(Bordeaux 18 de Abril de 1873 - Taillan-Médoc, Gironde 19 de Julho de 1954)
Jean Roger-Ducasse nasceu em Bordeaux a 18 Abril 1873. Estudou no Conservatório de Paris desde 1892, onde com Ravel, em 1895, se tornou aluno da classe de Composição de Gabriel Fauré. Em 1902 ganhou o Segundo lugar do Grand Prix de Rome com a cantata Alcyone, tendo Ravel ganho o quarto prémio da competição. Ducasse teve um papel muito importante e ativo na vida musical parisiense tendo fundado a Société Musicale Indépendante em 1909 e assumido o lugar de inspetor geral para o ensino do canto nas escolas de Paris, em 1910. No Conservatório, sucedeu a Fauré como professor de composição e, em 1935, a Paul Dukas como professor de orquestração. No seu círculo de amizades incluíam-se Fauré, de quem tendo sido um dos alunos diletos se tornou amigo próximo, a famosa pianista Marguerite Long que interpretou os seus Six Preludes, em 1912 e Debussy, com quem Ducasse fez duo para a première (primeira apresentação) da peça En Blanc et Noir, em 1916.
Autor de variadas composições (canções, quartetos de cordas, numerosas peças corais e orquestrais e peças para piano), o seu estilo musical, fortemente enraizado na escola de orquestração francesa, seguindo uma tradição ininterrupta de Berlioz a.Saint-Saens, não é impressionista como Ravel ou Debussy, mas descende de Chopin e é muito próximo do de Fauré, seu mestre e amigo, A sua música para piano, composta entre 1906-1923, é característica da sua linguagem musical: complexa e cromática mas perfeitamente formada.
Porque é que a obra que uma figura tão ativa e influente no seu tempo, no panorama musical, ficou na obscuridade é algo que nunca iremos saber. Quando deixou Paris, no início da II Guerra Mundial, escreveu algumas cartas amargas, onde revelava, a negligência de alguns ex-amigos que terão afastado os apoiantes que ainda teria em Paris.
A ascensão do grupo Lex Six e outros iconoclastas da sua geração, em ascensão no cenário musical francês, terão provavelmente dificultado o seu destaque. A influência crescente de Schoenberg e Webern, em França, terão colocado a sua música à margem. A atividade infatigável do pianista Martin Jones sobre os desvios negligenciados da Música debruçou-se sobre a música de piano de Roger Ducasse, escrita entre 1899 e 1923. Para além dos reparos à negligência das editoras procedeu à sua gravação, e destaca o contraste entre a música para piano e a música orquestral. Enquanto esta é amplamente programática e revela a influência do Impressionismo, a música originalmente escrita para piano evita, geralmente, qualquer título, para além das descrições básicas da forma. Embora o próprio Roger Ducasse tenha sido considerado um excelente pianista, a sua escrita para piano está longe de ser considerada direta ou fácil de realizar na performance, no entanto permite que a música surja sempre com sentido de frase musical e nunca, simplesmente, como um exercício técnico. Relativamente à Petite suite vamos apresentar a versão original, quase desconhecida, para piano a 4 mãos. A peça é mais conhecida na sua versão orquestral posterior.
Teremos agora oportunidade de revisitar os trabalhos deste compositor, cujo talento terá ficado injustamente esquecido.
Francis Jean Marcel Poulenc
(Paris, 7 de janeiro de 1899 — Paris, 30 de janeiro de 1963)
Compositor e pianista, membro do grupo Les Six, autor de obras que abarcam a maior parte dos géneros musicais, incluindo canção, música de câmara, oratório, ópera, música para bailado e música orquestral.
Nascido e criado em Paris, num ambiente familiar que valorizava e cultivava a prática musical, Poulenc desde cedo contactou com obras de compositores como J. S. Bach ou W. A. Mozart. Poulenc aprendeu piano com a sua mãe e começou a compor com 7 anos de idade.
Aos 15 anos estudou com Ricardo Vignes, que encorajou a sua ambição de compor e o apresentou a Satie,Casella, Auric entre outros. Após ter destruído os seus primeiros esboços ao nível da composição, com apenas quinze anos de idade, Poulenc assistiu à estreia de uma obra sua em público (Rapsodie nègre, dedicada a Erik Satie), que lhe deu uma proeminência notável em Paris, como um dos compositores encorajados por Satie e Cocteau, que os designava como "Les Nouveaux Jeunes" (Os novos jovens). Poulenc nunca frequentou o Conservatório - pelo que em 1920 decidiu estudar harmonia durante três anos com Charles Koechlin, mas nunca estudou Contraponto nem Orquestração.
Em 1920, um crítico musical,Henri Collete escolheu 6 destes "Nouveaux Jeunes" e chamou-lhes "Les Six"; Poulenc fazia parte deste grupo. Davam concertos juntos, onde declaravam que se inspiravam no «folclore parisiense», isto é, nos músicos de rua, nos teatros musicais, nas bandas de circo.
As suas obras mais conhecidas são talvez as canções para voz e piano, em especial as escritas a partir de 1935, quando começou a acompanhar o grande barítono francês Pierre Bernac. As suas versões de poemas de Apollinaire e do seu amigo Paul Eluard são particularmente interessantes, cobrindo uma vasta gama de emoções.
Compôs 3 óperas, sendo a maior "Les Dialogues des Carmélites" (1953-56), baseada em acontecimentos da Revolução Francesa.
O contributo de Poulenc para a formação piano a quatro mãos é esta sonata escrita em 1918. Em três movimentos, Prélude. Modéré, Rustique. Naif et lent, Final. Très vite, totalizando cerca de seis minutos de duração, segue o esboço básico da sonata clássica. Alia uma exuberância áspera a uma simplicidade melódica que revela duas das influências mais importantes sobre Poulenc, nomeadamente Satie e Stravinsky.
O primeiro movimento abre com um ritmo pulsante e uma melodia exuberante, com acordes penetrantes que conferem vitalidade rítmica. O segundo tema contrastante é delicado e gentil. Um retorno à atividade rítmica de abertura fecha o "Prelúdio".
O segundo movimento,” Rustique" apresenta um desenho oscilante que logo se torna o acompanhamento de uma melodia tradicional.
O "Final" é uma dança muito alegre com reaparecimentos ocasionais do primeiro movimento.
Com uma estrutura de composição bastante fora do padrão, a peça representa algumas características distintivas do seu estilo - misto de fantasia, “joie de vivre”, linhas melódicas esplêndidas e mensagem criativa.


Théodore Lack
(Quimper, 3 September 1846 – Paris, 25 November 1921)
Nascido em Quimper, Théodore Lack começou a trabalhar muito precocemente como músico, quando foi nomeado organista da igreja da sua cidade, aos 10 anos. Em 1860, com 14 anos, ingressou no Conservatório de Paris, onde estudou Piano com Antoine François Marmontel, Harmonia com François Bazin e Composição com Louis James Alfred Lefébure-Wély. Formado no Conservatório aos 18 anos, vencedor de diversos prémios, foi nomeado professor assistente de piano. Desde logo aclamado como grande pedagogo de piano, escreveu muitas peças de salão para piano (Tarentelle, Boléro, Etudes élégantes, Valse espagnole, Scènes enfantines, Souvenir d'Alsace, Polonaise de concert ...
Em 1909 publicou o seu Méthode de piano (Ed. Alphonse Leduc, 1909) para o qual Debussy compôs uma peça em estilo ragtime, The Little Nigar, com a legenda Cake Walk. Inspirada no número Golliwogs'cakewalk da suite Children's Corner que Debussy tinha composto no ano anterior, dedicada à sua filha, foi mais tarde publicada, em 1934, como uma peça independente.
De 1875 a 1905, Lack foi membro do comité de admissão e do júri de exames do Conservatório. Em 1881, tornou-se "Oficial da Academia".
Desde a sua admissão no Conservatório manteve o seu cargo durante 57 anos (1864-1921), até à sua morte, sem nunca deixar Paris.
A peça L’harpe de St. Cécile, op. 102 do autor, escrita originalmente para piano, foi publicada em 1886. A música romântica francesa é, muitas vezes, distinta pelas suas qualidades particularmente delicadas e esta peça é um bom exemplo disso mesmo. Trata-se de uma meditação, ao estilo romântico, de homenagem a St. Cecília, onde as harmonias de sonho em arpejos que evocam a harpa, suportam uma melodia simples e angelical, personificando a sonoridade da música francesa da época. De acordo com as Escrituras das principais religiões, Deus manifesta-se aos homens através da Luz e do Som Celestial. A Meditação, pelo mundo sonoro inocente e esperançoso (tonalidade de Fá Maior) em que se desenvolve, será a porta para o mais profundo e divino de nós mesmos, proporcionando surpreendente paz e serenidade perante a adversidade homenageando, assim, o exemplo de St. Cecília, que canta a Deus diante dos seus algozes.




Claude Debussy
2 August 1862 – 25 March 1918
Compositor e pianista. Nascido numa família modesta e com pouco envolvimento cultural, Debussy cedo revelou talento musical que lhe permitiu o ingresso no Conservatório de Paris aos 10 anos de idade. Tendo iniciado os seus estudos como estudante de piano logo encontrou a sua vocação na composição inovadora, apesar da desaprovação dos seus professores conservadores.
Por vezes considerado como o primeiro Impressionista, classificação que rejeitava vigorosamente, Debussy é um dos mais importantes compositores da literatura pianística, instrumento que tocava extremamente bem e para o qual deixou um legado de grande dimensão. Debussy era um espectador e ouvinte atento da natureza. Por diversas vezes falou da forma como o som do mar, do vento nas folhas das árvores ou dos pássaros ficava gravado na sua memória e depois se manifestava na música. Ou, da mesma forma, as cores da linha do horizonte. Em muitos dos títulos das suas obras, na maior parte mesmo, Debussy não esconde a origem da sua inspiração e a influência da literatura, das artes plásticas ou da contemplação da natureza.
Com Maurice Ravel, foi uma das figuras mais proeminentes da música impressionista e é uma figura crucial na transição para a era moderna na música ocidental.

Inspirada no teor poético da obra de Verlaine "Fêtes Galantes"(poeta que influenciou enormemente Debussy – 1/3 das suas canções) a Petite Suite impõe a sua própria atmosfera de simplicidade, melancolia e brilho. Em quatro singelas peças que tomam vida no meio de um período de grande complexidade criativa e de exploração técnica de Debussy, são-nos trazidas/transmitidas com o puro intuito de dar prazer. A peça foi originalmente escrita para piano a quatro mãos em 1889, após seu retorno da Itália, onde esteve com uma bolsa de estudos na Villa Medici em Roma e após ser vencedor do prémio de Roma. Estreada em 2 de fevereiro de 1889 pelo próprio Debussy e por Jacques Durand, pianista e editor da sua obra, parece ter sido seu propósito o fluir do material musical através de uma escrita simples e acessível. Sendo assim uma obra de juventude e de singelo contentamento, não deixa, porém, de ter marcado o cunho harmónico, de sonoridades, texturas e timbres tão próprios de Debussy. Talvez responsabilidade do lirismo e do charme encantador de que se reveste, tem sido alvo das mais variadas orquestrações, tendo-se tornado uma das obras de Debussy mais tocadas e reutilizadas, e em cuja simplicidade e requinte reside um desafio à interpretação.
Os primeiros movimentos de Debussy Petite Suite de 1889 são extraídos dois poemas do volume de 1869 de Verlaine Fêtes galantes. Os poemas evocam a era dos aristocratas do século XVIII, em excursões pelo país, o mundo retratado nas pinturas fantasiosas de Fragonard e Watteau: existem condessas, sacerdotes e cavaleiros, todos envolvidos numa atmosfera lúdica de alguma leveza e frivolidade.
En Bateau - no barco, os foliões navegam ao entardecer num lago escuro, em encontros românticos. A Música de Debussy capta perfeitamente um clima de serenidade hídrica e langor, a sugestão do movimento aquático é conferido pelo constante acompanhamento ondulatório. Esta abertura como uma espécie de suspiro musical tornou a Petite Suite imediatamente popular a uma vasta audiência. Mas o poema de Verlaine tem um se. Há um desejo para o romance, mas não consumação. Na verdade, o poema termina com uma melancolia, apesar de um tom feliz – de promessa ainda que não cumprida. E a música de Debussy, deixa-nos essa impressão de sonho e saudade.
Em Cortège essa alusão é a um pomposo desfile onde Debussy alegremente transmite a jovialidade textual do poema de Verlaine; surge então o Menuet, um dos exemplos extraordinários de escrita de «filigrana» que encontramos no piano de Claude Debussy em que a representação da singela dança e dos seus subtis contornos e hesitações desemboca no festivo Ballet em que um charmoso convite à valsa, na secção central, é retomado num vertiginoso final em plena explosão de energia.
Os dois movimentos finais, Menuet e Ballet, apesar de não estarem ligados a poemas específicos, articulam amplamente o equilíbrio entre nostalgia e brilho que se encontram ao longo dos poemas de Fêtes galantes.



Joseph Maurice Ravel
(Ciboure, 7 de março de 1875 - Paris, 28 de dezembro de 1937)
Compositor e pianista, conhecido sobretudo pela subtileza das suas melodias instrumentais e orquestrais, entre elas, o Bolero, que considerava trivial e descreveu como "uma peça para orquestra sem música".
A infância de Ravel foi feliz. Os seus pais, atentos e cultos, frequentavam o meio artístico, e fomentaram os primeiros passos do filho que logo revelou um talento musical excecional. Começou os estudos de piano aos seis anos, sob orientação de Henry Ghys mas só começou a frequentar o Conservatório de Paris aos 14. Posteriormente, em 1895, passou a estudar sozinho e retornou ao Conservatório em 1898, onde estudou composição com Gabriel Fauré.
Impressionado com a música do Extremo Oriente na Exposição Universal de 1889, entusiasmado com a dos rebeldes Emmanuel Chabrier e Erik Satie, admirador de Mozart, Saint-Saëns e Debussy, influenciado pela leitura de Baudelaire, Edgar Poe, Condillac, Villiers de L’Isle-Adam e, sobretudo, de Stéphane Mallarmé, Ravel manifestou precocemente um carácter firme e um espírito musical muito independente. As suas primeiras composições denunciam uma personalidade e uma maestria tal que o seu estilo não se modificou apenas evoluiu com o tempo.

Bolero é uma obra musical de um único movimento, escrita para orquestra. Originalmente composta, entre Julho e Outubro de 1928,para um Ballet, é considerada a obra mais famosa de Ravel. Com um ritmo invariável, e uma melodia uniforme e repetitiva, forma uma obra singular, que Ravel considerava como um simples estudo de orquestração. A sua imensa popularidade tende a secundarizar a amplitude da sua originalidade e os verdadeiros objetivos do seu autor, que passavam por um exercício de composição privilegiando a dinâmica em que se pretendia uma redefinição e reinvenção dos movimentos de dança. O próprio Ravel ficou surpreendido com a divulgação e popularidade da obra. A origem do Bolero provém de um pedido da dançarina Ida Rubinstein, que encomendou a Ravel a criação de um ballet de caráter espanhol. A estreia deu-se em Paris, na Ópera Garnier, em 22 de Novembro de 1928 sob direção de Walther Straram, com coreografia de Bronislava Nijinska e cenários de Alexandre Benois. Uma das dançarinas foi Ida Rubinstein, e a peça causou escândalo devido à sensualidade da coreografia.
Em 1961, o dançarino e coreógrafo Maurice Béjart criou sua versão para o Bolero, tornando-a uma de suas obras mais importantes. Em 1980, a coreografia de Béjart foi reproduzida pelo bailarino argentino Jorge Donn no filme Retratos da Vida (Les uns et les autres), do diretor francês Claude Lelouch.






Cristina Aleixo

Nasceu em Lisboa a 2 de fevereiro de 1965.
Concluíu o Curso Superior de Piano, pela Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa, a 11 de outubro de 1985, com a classificação final de 19 valores.
Licenciou-se em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade Clássica de Lisboa, a 27 de setembro de 1987.
Completou a pós-graduação em Artes Musicais – variante Música de Câmara, na Universidade Nova de Lisboa em 2006.
Com 4 anos de idade, iniciou os seus estudos musicais frequentando os Cursos de Iniciação Musical da Fundação Calouste Gulbenkian tendo, seguidamente, ingressado nas classes de: Piano, Educação Musical, Flauta de Bambú e Coro Juvenil. Continuou os seus estudos no Conservatório Nacional de Lisboa, onde frequentou as classes de: Profª. Noémia de Brederode (Piano), Profª. Palmira Macias, Profª. Ana Domingues, Prof. Christopher Bochmann, Profª. Fernanda Mella, Prof. Manuel Newton, Profª Olga Prats e Profª. Teresita Gutierrez Marques. Trabalhou ainda com o Prof. Macário Santiago Kastner e com a Profª Helena Sá e Costa.
Actuou por diversas vezes em público. Fez gravações para a Rádio e Televisão Portuguesas. Finalista em vários concursos recebeu o 3º prémio e prémio Luís Costa (melhor interpretação da peça obrigatória) no V Concurso Nacional de Música de Braga; 1º prémio - Concurso de Piano "Helena Marques”; Prémio de Piano "Teresa Vieira".
De 1987 a 1989 leccionou Piano na Fundação Musical dos Amigos das Crianças (FMAC) e na Escola de Música e Bailado de Linda-a-Velha. De 2008 a 2010 lecionou Expressão Musical nas escolas EB1 Santo António e EB1/J1 da Portela.
Membro fundador do Coro de Câmara do Conservatório Nacional de Lisboa (actual Coro de Câmara de Lisboa) com o qual participou em inúmeros concertos e concursos, trabalhou com diversos agrupamentos instrumentais, maestros e compositores. Integrará o naipe dos contraltos na próxima digressão do Coro de Câmara de Lisboa.
Membro do Coro Participativo Gulbenkian nas edições de 2015, 2016 e 2018.
Atualmente é membro do coro Capela Nova e coordena as atividades da Escola de Música do Centro Paroquial de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa, onde leciona Piano.
É Técnica Superior e Responsável Técnica do Laboratório de Microbiologia Agro-Industrial do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV, IP).


Nuno Félix

No ano de 1987 concluiu o Curso Superior de Piano, pela Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa.
No mesmo ano concluiu a licenciatura em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura de Lisboa.
Nascido em Lisboa em 1963, cedo iniciou os seus estudos musicais na Fundação Calouste Gulbenkian frequentando cursos de iniciação musical, piano e expressão corporal com os professores, Graziela Cintra Gomes, Maria de Lurdes Martins e Wanda Ribeiro da Silva tendo seguido os seus estudos no Conservatório Nacional onde os concluiu frequentando as classes de Noémia Brederode, José Bon de Sousa, Ana Domingues, Christopher Bochmann, Manuel Newton e Teresita Gutierrez Marques.
Atuou a solo em público em várias cidades do país, tendo sido um dos membros fundadores do Coro de Câmara de Lisboa em 1978 então Coro de Câmara do Conservatório Nacional, participando em vários concertos por todo o país e no estrangeiro (1978 a 1987) salientando-se Espanha (Concurso Internacional de Coros de Tolosa - I Prémio na classe de Polifonia e II Prémio na classe de Música tradicional,1982), França (Paris, 1982), Alemanha (Bona, Colónia, Siegburg, 1982); com a Orquestra Sinfónica Juvenil (Missa da Coroação e Missa em Dó Maior, de Mozart), com os compositores: Maria de Lurdes Martins, Constança Capdeville e com o argentino Ariel Ramirez (Missa Criola).
Em 2004 frequentou o curso de Jazz e Musica Ligeira na Escola de Musica e Bailado de Nossa Senhora do Cabo em Linda–a-Velha com a professora Dagmar Kocman .
Foi membro fundador da Academia de Psicologia e Teatro do Estoril, a qual promove pela via artística a integração de crianças com dificuldades de aprendizagem e de integração social. Fez parte da equipa de produção dos espetáculos de apresentação da Academia no Teatro, Jardins e Salão Preto e Prata do Casino do Estoril.
Em 2019 compôs a banda sonora do filme “Crónica do Desconforto” do realizador António Montalvo.
Atualmente é Chefe de Divisão da Unidade Ministerial de Gestão Patrimonial da Secretaria Geral do Ministério do Ambiente.



Organização:
Associação dos Amigos do Museu Nacional da Música
Bilhete: 5 ♪ | Sócios: 3 ♪ |

Apoio: Horto do Campo Grande
Organização:
MNM/DGPC
Local:
Museu Nacional da Música, Lisboa

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