Bioarqueologia humana
A bioarqueologia humana é uma subdisciplina da Antropologia Biológica que se dedica ao estudo de restos humanos (geralmente esqueletizados) provenientes de contextos arqueológicos. Ao nível estritamente biológico, esse estudo passa essencialmente pela identificação de ossos humanos, por fazer uma avaliação do perfil de cada indivíduo analisado (idade à morte, sexo, estatura e afinidade populacional) e por identificar lesões esqueléticas eventualmente relacionadas com doenças ou traumas. Estas observações contribuem para uma melhor interpretação e compreensão da vida (e morte) dos nossos antepassados a partir de uma perspetiva biocultural. Este tipo de abordagem permite conciliar dados de diferentes arqueociências com o objetivo de atingir o melhor conhecimento possível acerca da realidade estudada.
Tanto quanto possível, a análise biológica isolada do indivíduo ou da população é evitada, optando antes por enquadrá-los no seu contexto ambiental e sociocultural. Em relação às manifestações culturais do passado, uma importante fatia do trabalho em bioarqueologia humana refere-se ao registo e descrição das práticas funerárias. Tal acontece porque grande parte dos restos humanos analisados pelos bioarqueólogos é recolhida em necrópoles ou em outros contextos fúnebres. Por exemplo, o cruzamento dos dados de natureza osteológica e dos dados de natureza arqueológica permitem identificar práticas específicas a cada população e, eventualmente, contribuir para a discussão relacionada com a perceção das suas crenças pós-vida.
A partir de uma abordagem transdisciplinar (por exemplo, complementando dados osteológicos com dados arqueogenéticos e paleoisotópicos), os restos humanos esqueletizados também contêm em si o potencial para ajudar a elucidar outras questões fulcrais. Entre outras, salientam-se aquelas relacionadas com a identificação dos padrões de dieta alimentar (e sua respetiva evolução), de movimentos migratórios, de organização social, de saúde e bem-estar e de trocas matrimoniais.