Roteiros Turísticos do Património Mundial: Os 4 Elementos
Poucos sabem que a pouco mais de uma hora de automóvel da capital se encontra um dos mais fascinantes sistemas orogénicos de Portugal. Trata-se do sistema composto pelas serras d’Aire e Candeeiros, a autêntica espinha dorsal da Estremadura e um dos mais influentes conjuntos montanhosos do Ocidente Peninsular. Constituído maioritariamente por solos calcários, nele correm alguns dos mais importantes rios de Portugal. Sobre a sua crista imponente, e aparentemente despida, abre-se uma calota celeste, de um azul intenso como poucas, ou desprende-se dela uma precipitação forte e invasiva, responsável pelas águas e pela vida inacessível de mundos subterrâneos que por vezes nos fazem pensar no incrível mito da “terra oca”. Aqui, o calor estival pode ser inclemente e o frio das rochas facetadas pelas temperaturas extremas pode queimar. Aire: a pureza inconsútil do ar e do vento; Candeeiros: o firmamento e a chama de luzes mágicas.
Parte do território do extremo sudoeste é feita da partilha entre os 4 elementos da natureza.
A Água, dos grande horizontes marítimos, presente na magia das finisterras encontra-se nas zonas litorâneas, mas também nos rios e fios de água que abundam e que cavaram vales inóspitos ou bacias humanizadas ao longo dos séculos, ou, mesmo, grutas insuspeitas; o Ar, de uma limpidez desarmante, oferece-se quando se abre o céu azul faiscante de dia ou numa abóbada estrelada no céu nocturno; o Fogo mostra o seu poder ígneo em rochas moldadas pela antiguidade geológica da paisagem; enquanto que a Terra se afeiçoa, de forma a prover aos homens sustento, ou a negá-lo, tal é a finura do seu manto, transformado às vezes em pedra dura. Seria por aqui que se encontravam as famosas éguas fecundadas pelo vento que Heródoto fixou para a posteridade em mito antigo? Não o sabemos. Mas sabemos que a agrura dos cumes e a clemência dos vales abrem todas as possibilidades, mesmo as mais ignotas.
Aqui se encontram, moldadas por milhares de anos de erosão, rochas com fissuras caprichosas, os chamados campos de lapiás; mas também os poços naturais abertos na crosta calcária, os “algares”, que nos deixam interpretar a sedimentação das eras geológicas. Alguns deles dão acesso às mais espectaculares grutas portuguesas (Mira d’Aire, Santo António, Alvados, Algar da Pena). Mas até pequenas lagoas, como que vindas de uma vontade divina, surgem aqui e ali no alto da serra, nos vales cavados, depósitos naturais de água pura e gélida que pontuam as dolinas e os poljes. Testemunho desta natureza insólita são as pegadas de dinossáurio, um verdadeiro Parque Jurássico tornado realidade; ou as minas de sal-gema, mantos brancos apascentados desde o tempo dos Romanos.
Uma natureza mágica? Sem dúvida, e que alimentou as estranhas paisagens arcaicas, que os homens de todas as épocas tornaram sagradas, como acontece na anta-capela de Alcobertas.
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